A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), desabou no último domingo (22), deixando mortos, feridos e desaparecidos. Construída na década de 1960, a estrutura desempenhava um papel essencial na ligação entre os estados e no corredor Belém-Brasília. Documentos obtidos pelo g1 revelam que a ponte apresentava problemas estruturais há anos, mesmo após reformas realizadas entre 1998 e 2000.
O colapso ocorreu no vão central por volta das 15h, enquanto ao menos dez veículos trafegavam pela ponte. Entre os veículos estavam quatro carretas, duas transportando mais de 70 toneladas de ácido sulfúrico e outra com agrotóxicos, causando preocupação com a qualidade da água do Rio Tocantins. Até o momento, seis corpos foram encontrados, e 11 pessoas seguem desaparecidas.
Classificação estrutural e falhas no edital de reforma
O DNIT classificou a ponte com nota 2, indicando necessidade urgente de intervenções, mas sem exigência de interdição imediata. Em 2021, um contrato de R$ 3,5 milhões no âmbito do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte) previa reparos na laje, vigas e pilares. Contudo, em 2024, um edital de R$ 13 milhões para reabilitação mais ampla fracassou devido à falta de empresas habilitadas.
Estudos realizados em 2019 apontaram a necessidade de reparos estruturais, incluindo fissuras no pavimento, infiltrações, danos em armaduras expostas e problemas nos pilares. Segundo o relatório, a evolução dos veículos e o aumento das cargas intensificaram os danos.
Repercussão e ações futuras
O Ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou a reconstrução da ponte em até um ano, com investimento entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões. Foi decretada situação de emergência para acelerar os trâmites burocráticos. Paralelamente, o DNIT instaurou processo administrativo para apurar as causas do desabamento e contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para uma análise técnica imparcial.
Importância histórica
Inaugurada como um marco da engenharia brasileira, a ponte detinha o maior vão em viga reta de concreto protendido no mundo em 1960. A estrutura permanece como símbolo de desafios na manutenção de patrimônios históricos.