O governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), anunciou um modelo inédito de concessões florestais para a regeneração da Amazônia. O plano inclui editais para selecionar empresas e organizações interessadas em restaurar áreas públicas degradadas, com foco em regiões do “arco do desmatamento” – abrangendo Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. O objetivo é transformar a regeneração em um modelo econômico sustentável.
Concessões florestais e mercado de carbono
As concessões terão prazo de 35 anos e serão acompanhadas pela possibilidade de negociar créditos de carbono gerados pela recuperação da floresta. Esse modelo se apoia no recém-criado Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que permite a empresas compensar emissões de CO₂ por meio da compra de créditos provenientes de áreas reflorestadas.
“O mercado regulado de carbono é essencial para viabilizar as concessões, atraindo investimentos privados para restaurar áreas degradadas”, afirmou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA. Segundo ele, a iniciativa combina incentivos econômicos e ações ambientais, criando uma solução sustentável para combater o desmatamento.
Fundo Amazônia e projetos de reflorestamento
Além das concessões, o programa “Restaura Amazônia” será financiado com recursos do Fundo Amazônia e parceiros privados, como a Petrobras. A primeira chamada pública já dispõe de R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões do Fundo Amazônia e outros R$ 50 milhões da Petrobras. As organizações responsáveis pela triagem dos projetos incluem o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) e a Conservation International do Brasil (CI Brasil).
Os projetos selecionados devem iniciar as ações de replantio em até 24 meses e ser concluídos em 48 meses, com monitoramento constante. O programa conta, ao todo, com R$ 450 milhões já alocados para novas iniciativas.
Participação indígena e comunidades locais
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desempenhará um papel estratégico no envolvimento das comunidades indígenas. Segundo Francisco Itamar Gonçalves Melgueiro, coordenador-geral de gestão ambiental da Funai, povos indígenas poderão contribuir com coleta de sementes, plantio e manutenção das áreas restauradas, sendo remunerados por esses serviços.
“O envolvimento das comunidades indígenas valoriza a tradição e o conhecimento local, ao mesmo tempo em que oferece uma oportunidade econômica sustentável para esses povos”, afirmou Melgueiro.
Outros incentivos financeiros
Além das concessões e do Fundo Amazônia, o governo pretende alavancar outras fontes de financiamento para o reflorestamento:
- Fundo Clima: Com R$ 550 milhões disponíveis, oferece crédito reembolsável a produtores rurais interessados em reflorestar áreas degradadas, com juros de apenas 1% ao ano.
- Programa de Recuperação de Pastagens Degradadas: Busca reduzir a pressão sobre florestas nativas, financiando a recuperação de áreas subutilizadas com juros de 6,5% ao ano.
- Pagamento por Serviços Ambientais: Remuneração a proprietários por conservar e restaurar áreas florestais.
Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa
As ações fazem parte do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg 2025-2028), que estabelece a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030. A proposta inclui regulamentações ambientais e incentivos financeiros, buscando consolidar a regeneração da Amazônia como uma prioridade estratégica para o Brasil.
Impacto ambiental e econômico
O plano busca não apenas mitigar os efeitos das mudanças climáticas e proteger a biodiversidade, mas também transformar a restauração florestal em um motor de crescimento econômico. Com essas iniciativas, o governo espera promover um equilíbrio entre desenvolvimento sustentável e conservação ambiental, beneficiando tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais e a economia nacional.