A eleição presidencial nos Estados Unidos, marcada para novembro, promete gerar impactos significativos nas relações comerciais entre Brasil e EUA. Especialistas avaliam as possíveis implicações econômicas de uma eventual vitória de Donald Trump ou Joe Biden, cujas visões divergentes sobre comércio exterior, protecionismo e política econômica influenciam diretamente o Brasil, que tem nos EUA seu segundo maior parceiro comercial.
Salomão Basso Rodrigues, especialista em comércio internacional, oferece uma análise aprofundada sobre o cenário. Segundo ele, “Donald Trump adota uma postura mais protecionista, especialmente com seu slogan ‘America First’. Isso significa que ele provavelmente elevaria tarifas e aplicaria medidas para proteger a indústria americana, o que pode prejudicar diretamente o Brasil em setores como o agronegócio e o aço.” No entanto, Salomão observa que a tensão entre os Estados Unidos e a China, exacerbada por Trump, pode criar oportunidades para o Brasil ocupar o espaço deixado pelos chineses em alguns mercados. “Uma política de ‘nearshoring’ pode beneficiar o Brasil, especialmente em setores onde temos vantagens competitivas, como energia e produtos agrícolas”, afirma o especialista.
Por outro lado, Salomão Basso Rodrigues ressalta que uma reeleição de Joe Biden não traria grandes mudanças imediatas nas relações comerciais com o Brasil. “A administração Biden tem sido menos agressiva em termos de protecionismo comparado a Trump, mas ainda mantém um olhar atento ao mercado americano, particularmente em setores que competem diretamente com o Brasil, como o de commodities.” Ainda assim, Biden adota uma postura mais moderada em relação à China, o que, segundo Salomão, pode ser um desafio para o Brasil. “Essa abertura pode permitir uma maior inserção de produtos chineses no mercado internacional, competindo diretamente com os brasileiros”, explica.
Além disso, Salomão Basso Rodrigues analisa os possíveis efeitos de cada governo sobre a inflação e os juros nos Estados Unidos, fatores que influenciam o comércio global. “A política de juros altos, uma resposta à inflação nos EUA, tem impacto direto nas exportações brasileiras, pois um dólar valorizado encarece nossos produtos no mercado externo. Um segundo governo Trump, com medidas de redução de impostos e mais restrições à imigração, pode gerar uma pressão inflacionária adicional, mantendo os juros elevados. Já Biden, com uma abordagem mais fiscalmente conservadora, tende a estabilizar essa questão, o que seria mais favorável ao Brasil”, afirma Salomão.
Em conclusão, Salomão Basso Rodrigues aponta que tanto Trump quanto Biden apresentam desafios e oportunidades para o Brasil. “Trump pode ser prejudicial a curto prazo, especialmente devido ao seu protecionismo, mas as tensões com a China podem abrir novas portas para o Brasil. Já Biden oferece mais estabilidade nas relações comerciais, mas sua postura menos agressiva com a China pode diminuir a competitividade brasileira em alguns setores. Tudo dependerá de como o próximo presidente dos EUA lidará com essas questões globais e de como o Brasil se posiciona diante dessas mudanças.”