
O tenente da Polícia Militar (PM) Fernando Genauro fotografou três grandes maços de dinheiro dispostos no volante de um carro de luxo logo após a execução do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Vinícius Gritzbach, ocorrida em 8 de novembro de 2023, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Gritzbach foi morto com dez tiros.
Genauro, apontado pela investigação como o motorista do carro que transportou os dois assassinos, está detido desde 18 de janeiro. Ele, junto com os PMs Ruan Silva Rodrigues e Dênis Antônio Martins, foi indiciado pelo homicídio de Gritzbach, pela morte de um motorista de aplicativo (vítima de bala perdida durante o ataque) e por duas tentativas de homicídio, além de associação criminosa.
A investigação
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) obteve acesso à nuvem do celular de Genauro, um iPhone 15 Pro Max. Nas imagens, foram encontradas tanto a foto dos maços de dinheiro sobre o volante de um Audi Q3 quanto fotografias de relógios de luxo guardados em um estojo sofisticado.
Embora o Audi Q3 não esteja em nome de Genauro, depoimentos confirmam que o oficial passou a dirigir o automóvel em janeiro de 2024, cerca de dois meses após o homicídio de Gritzbach. O DHPP apreendeu o veículo e, segundo seu relatório, “não restam dúvidas de que Genauro comprou o carro com proveito do crime, pouco mais de um mês depois do homicídio”.
O caso Gritzbach
Antes de ser assassinado, Vinícius Gritzbach havia prestado delações ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e à Corregedoria da Polícia Civil. Ele denunciou agentes públicos supostamente envolvidos com o PCC e também descreveu esquemas de lavagem de dinheiro ligados à maior facção criminosa do país.
Além do inquérito conduzido pelo DHPP, que concluiu o relatório em 14 de março de 2025, a Polícia Federal (PF) investiga outros possíveis envolvidos com lavagem de dinheiro e corrupção (incluindo policiais civis). Ao todo, 26 suspeitos estão presos no contexto do caso, sendo 17 policiais militares, cinco policiais civis e quatro relacionados ao suposto “olheiro” que teria informado a chegada de Gritzbach ao aeroporto.
Câmeras de segurança filmaram os criminosos disparando contra o delator, que foi morto quando se aproximava de um carro blindado que o aguardava em frente à área de desembarque. De acordo com a investigação, os três PMs se comunicaram por celular antes, durante e depois do crime, confirmando a movimentação do grupo na região do aeroporto.