A operação “Overclean”, conduzida pela Polícia Federal, desmantelou uma quadrilha que, por dois anos, teria fraudado licitações e movimentado dinheiro de propinas por meio de jatinhos e malas, utilizando verbas de emendas parlamentares. Entre os envolvidos, destaca-se o vereador Francisco Nascimento, flagrado arremessando uma bolsa com R$ 220 mil pela janela em Salvador (BA). A investigação revelou um esquema sofisticado, envolvendo empresários e agentes públicos, que operava em 14 estados e teria movimentado R$ 1,4 bilhão.
O principal líder do esquema seria Alex Rezende Parente, sócio da Allpha Pavimentações, preso em Brasília com uma mala contendo R$ 1,5 milhão. Também foi detido Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador do DNOCS na Bahia, acusado de facilitar contratos fraudulentos. Durante a operação, foram apreendidos aviões, carros de luxo, iates, joias e mais de R$ 3 milhões.
A prefeitura de Campo Formoso (BA) foi identificada como uma das beneficiárias das emendas, com licitações manipuladas para favorecer a Allpha. Obras executadas pela empresa apresentaram qualidade duvidosa, como estradas com acostamentos mal feitos e piche que gruda em calçados. O dinheiro era repassado para empresas fantasmas, ocultando os verdadeiros destinatários.
Entre os bens apreendidos está um jatinho, vinculado ao empresário José Marcos de Moura, que teria articulado a liberação de recursos em Brasília. Moura está foragido, assim como Ítalo Moreira de Almeida, ex-funcionário do governo de Tocantins.
O vereador Francisco Nascimento, primo do deputado federal Elmar Nascimento, não é investigado diretamente, mas sua proximidade com os envolvidos levanta questionamentos. Até o momento, as defesas dos acusados não emitiram comentários detalhados, alegando falta de acesso completo aos relatórios.
A investigação segue apurando a extensão do esquema e o envolvimento de outros agentes públicos.